sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Atenção! Seu filho precisa brincar!






            O assunto sobre o brincar é muito sério! Infelizmente muitas de nossas crianças estão deixando de brincar! Isto é muito triste...



            Todos nós sabemos que o brincar é uma diversão para a criança, mas não para por aí, o brincar vai muito além da diversão...



            O brincar é uma grande mola propulsora para estimular os circuitos nervosos, constituídos por bilhões de células que farão conexões com outros tantos neurônios para que sejam criados circuitos necessários para executar as mais diferentes funções.



            O brincar é composto por vários elementos: estrutura (começo, meio e fim), os meios (como brincar), os fins (por que brincar), conteúdo (temática da brincadeira), envolvendo ainda as regras, o espaço, o tempo, os brinquedos, os parceiros e o comportamento lúdico (ações e reações daqueles que brincam), todos estes elementos estão relacionados com as principais habilidades que integram as funções executivas.



            Função executiva é um conceito neuropsicológico que se aplica ao processo cognitivo responsável pelo planejamento e execução de atividades, incluindo iniciação de tarefas, memória de trabalho, atenção sustentada e inibição dos impulsos.



            Essas funções executivas são desenvolvidas principalmente nos primeiros anos de vida e quando há falha dessas funções, poderão aparecer problemas envolvendo planejamento, organização, manejo do tempo, memória e controle das emoções. A principal região do cérebro responsável pelas funções executivas é o córtex pré-frontal.



            Conforme a criança brinca e interage com o ambiente, a rede neural se amplia formando redes, novos caminhos neurais se formam e distintas áreas do cérebro se tornam interconectadas.



Entre os circuitos neurais estimulados pelo brincar, estão, por exemplo, o sistema límbico, responsável primordialmente por controlar as emoções e secundariamente participa das funções do aprendizado e memória, e o neocórtex, local que detém o domínio da cognição. Essa interligação do sistema límbico e o neocórtex disponibilizam às crianças, jovens e adultos um intercâmbio ainda mais eficiente entre a emoção e razão.



            É através de ações como o brincar, que a tomada de decisões, antes restrita à ação do sistema límbico, pode passar a contar com o apoio do neocórtex e valer-se também de habilidades racionais.



Segundo a pesquisa “O valor do brincar livre”, realizada com 12.170 pais em 10 países, 40% das crianças brasileiras brincam ao ar livre por 1 hora ou menos por dia – e 6% sequer se divertem fora de casa. Entre as causas apontadas no mesmo estudo estão a falta de segurança e a agenda ocupada dos pais, além de outras dificuldades típicas da rotina urbana. E não é difícil imaginar as consequências. Nossas crianças já gastam 24% do seu tempo livre diante de uma tela, e 89% delas preferem brincar com esportes virtuais, no computador ou no tablet, a praticá-los na vida real.



            O sedentarismo na infância resulta em muitos prejuízos para o desenvolvimento físico e cognitivo. A criança precisa brincar em terrenos irregulares, onde enfrenta desafios para sua coordenação, equilíbrio, postura corporal, força, destreza, noções de distância e tamanho.



            Todas estas competências que são trabalhadas brincando serão exigidas no ato de aprender um conteúdo escolar.



            Hoje em dia está se tornando comum crianças precisarem de apoio especializado para executarem as atividades escolares. As queixas dos pais e das escolas são praticamente as mesmas: desorganização espacial; problemas com espaçamentos de palavras; dificuldades com a localização espacial das letras; caligrafia desarmônica; troca e inversões de letras e números; demora ou impossibilidade de discriminação da preferência lateral; dificuldade em compreender conceitos como “dentro - fora” ou “em cima - embaixo”, inabilidades em atividades de coordenação motora fina, entre outras.



             As habilidades cognitivas, a aprendizagem acadêmica, estão diretamente relacionadas com as habilidades motoras e estas dependem dos estímulos recebidos nos estágios de desenvolvimento da criança, ou seja, a criança que se movimenta, subindo e descendo, escorregando, girando, pulando, rodando, balançando, brincando de pega-pega, casinha, com carrinhos, bola, bambolês, no tanque de areia, com jogos de encaixe, quebra-cabeças, memória, jogos de regras, entre outros, estará maximizando suas potencialidades cognitivas e motoras e com isso controlando melhor as habilidades que a ajudarão no ambiente escolar e em seu desenvolvimento como indivíduo.



            Na verdade a criança não está só brincando, ela está fazendo uma importante construção que vai embasar toda aprendizagem futura.



            Quanto maior for a possibilidade da criança brincar, melhor será o desenvolvimento nas habilidades de: concentração, organização, autorregulação, autoestima e autoconfiança, integração social, estabilidade emocional, planejamento e execução motora adequada, aprendizagem acadêmica, capacidade para o pensamento lógico e raciocínio abstrato.



            Portanto querida família, contribua para que seu filho vá bem na aprendizagem, deixe-o brincar!



Andréa Soares Delfin

Mestre em Políticas Públicas de Educação

Especialista em Psicopedagogia e Neuroaprendizagem

Professora Titular do Curso de Pós em Psicopedagogia

Neuropsicopedagoga clínica

ABPp: 12069


andrea.delfin@inaspe.com.br



Andrea Campos Preto

Pedagoga e Psicopedagoga Clínica e Institucional

Professora substituta do Curso de Pós em Psicopedagogia

ABPp:12850



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