O assunto
sobre o brincar é muito sério! Infelizmente muitas de nossas crianças estão
deixando de brincar! Isto é muito triste...
Todos nós
sabemos que o brincar é uma diversão para a criança, mas não para por aí, o
brincar vai muito além da diversão...
O brincar é
uma grande mola propulsora para estimular os circuitos nervosos, constituídos
por bilhões de células que farão conexões com outros tantos neurônios para que
sejam criados circuitos necessários para executar as mais diferentes funções.
O brincar é
composto por vários elementos: estrutura (começo, meio e fim), os meios (como
brincar), os fins (por que brincar), conteúdo (temática da brincadeira),
envolvendo ainda as regras, o espaço, o tempo, os brinquedos, os parceiros e o
comportamento lúdico (ações e reações daqueles que brincam), todos estes
elementos estão relacionados com as principais habilidades que integram as
funções executivas.
Função
executiva é um conceito neuropsicológico que se aplica ao processo cognitivo
responsável pelo planejamento e execução de atividades, incluindo iniciação de
tarefas, memória de trabalho, atenção sustentada e inibição dos impulsos.
Essas funções
executivas são desenvolvidas principalmente nos primeiros anos de vida e quando
há falha dessas funções, poderão aparecer problemas envolvendo planejamento,
organização, manejo do tempo, memória e controle das emoções. A principal
região do cérebro responsável pelas funções executivas é o córtex pré-frontal.
Conforme a criança
brinca e interage com o ambiente, a rede neural se amplia formando redes, novos
caminhos neurais se formam e distintas áreas do cérebro se tornam
interconectadas.
Entre os circuitos neurais estimulados pelo
brincar, estão, por exemplo, o sistema límbico, responsável primordialmente por
controlar as emoções e secundariamente participa das funções do aprendizado e
memória, e o neocórtex, local que detém o domínio da cognição. Essa
interligação do sistema límbico e o neocórtex disponibilizam às crianças,
jovens e adultos um intercâmbio ainda mais eficiente entre a emoção e razão.
É através de
ações como o brincar, que a tomada de decisões, antes restrita à ação do
sistema límbico, pode passar a contar com o apoio do neocórtex e valer-se
também de habilidades racionais.
Segundo a pesquisa “O valor do brincar
livre”, realizada com 12.170 pais em 10 países, 40% das crianças brasileiras
brincam ao ar livre por 1 hora ou menos por dia – e 6% sequer se divertem fora
de casa. Entre as causas apontadas no mesmo estudo estão a falta de segurança e
a agenda ocupada dos pais, além de outras dificuldades típicas da rotina
urbana. E não é difícil imaginar as consequências. Nossas crianças já gastam
24% do seu tempo livre diante de uma tela, e 89% delas preferem brincar com
esportes virtuais, no computador ou no tablet, a praticá-los na vida real.
O
sedentarismo na infância resulta em muitos prejuízos para o desenvolvimento
físico e cognitivo. A criança precisa brincar em terrenos irregulares, onde
enfrenta desafios para sua coordenação, equilíbrio, postura corporal, força,
destreza, noções de distância e tamanho.
Todas estas
competências que são trabalhadas brincando serão exigidas no ato de aprender um
conteúdo escolar.
Hoje em dia
está se tornando comum crianças precisarem de apoio especializado para
executarem as atividades escolares. As queixas dos pais e das escolas são
praticamente as mesmas: desorganização espacial; problemas com espaçamentos de
palavras; dificuldades com a localização espacial das letras; caligrafia
desarmônica; troca e inversões de letras e números; demora ou impossibilidade
de discriminação da preferência lateral; dificuldade em compreender conceitos
como “dentro - fora” ou “em cima - embaixo”, inabilidades em atividades de coordenação
motora fina, entre outras.
As habilidades cognitivas, a aprendizagem
acadêmica, estão diretamente relacionadas com as habilidades motoras e estas
dependem dos estímulos recebidos nos estágios de desenvolvimento da criança, ou
seja, a criança que se movimenta, subindo e descendo, escorregando, girando,
pulando, rodando, balançando, brincando de pega-pega, casinha, com carrinhos,
bola, bambolês, no tanque de areia, com jogos de encaixe, quebra-cabeças,
memória, jogos de regras, entre outros, estará maximizando suas potencialidades
cognitivas e motoras e com isso controlando melhor as habilidades que a
ajudarão no ambiente escolar e em seu desenvolvimento como indivíduo.
Na verdade a
criança não está só brincando, ela está fazendo uma importante construção que
vai embasar toda aprendizagem futura.
Quanto maior
for a possibilidade da criança brincar, melhor será o desenvolvimento nas
habilidades de: concentração, organização, autorregulação, autoestima e
autoconfiança, integração social, estabilidade emocional, planejamento e
execução motora adequada, aprendizagem acadêmica, capacidade para o pensamento
lógico e raciocínio abstrato.
Portanto
querida família, contribua para que seu filho vá bem na aprendizagem, deixe-o
brincar!
Andréa Soares Delfin
Mestre em Políticas Públicas de
Educação
Especialista em Psicopedagogia e
Neuroaprendizagem
Professora Titular do Curso de Pós
em Psicopedagogia
Andrea Campos
Preto
Pedagoga e
Psicopedagoga Clínica e Institucional
ABPp:12850
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site: www.inaspe.com
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